Histórias de Moradores do Brooklin


Esta página em parceria com o Museu da Pessoa é dedicada a compartilhar histórias e depoimentos dos Moradores do bairro.

História do Morador: Jefferson Pereira
Local: São Paulo
Publicado em: 18/12/2012


 



Tema: Luxuoso lixo

Sinopse:

A infância no bairro do Brooklin, passada em companhia de seus irmãos mais novos. As primeiras idas à empresa metalúrgica de seu pai. O início do trabalho efetivo aos 14 anos, tanto no escritório quanto na linha de produção. A saída da empresa e como se tornou office-boy. O trabalho como bancário e o trabalho com os médicos do Hospital São Luiz. Como, desempregado, conheceu o comércio de antiguidades da feira da Praça Benedito Calixto e começou a adquirir peças para revender lá, estudando e se aprofundando no segmento de compra e venda de antiguidades.

História

“Minha primeira venda na Feira da Benedito Calixto foram umas florezinhas de lata, um metal prateado; deviam ser mais de cem flores. Eu levei para casa, peguei um produto e comecei a limpar. Vendi todas no espaço de três a quatro horas e voltei com um bom dinheiro para casa.

Aí meu pai falou: ‘Eu não acredito que você está vendendo lixo!’ Eu falei: ‘Estou vendendo e ainda vou ganhar dinheiro com isso.’ E desde aquele dia já se passaram 16 anos lá. Até minha esposa eu conheci na Benedito Calixto. A mãe dela trabalhava lá, deixou o trabalho e aí eu a conheci. Eu costumo dizer − ela fica louca da vida − que o meu maior achado de antiguidade é ela. Mas as coisas mudaram, o volume de colecionadores que frequenta a Feira há alguns anos era muito maior. Com o advento da internet a pessoa não precisa mais sair de casa.

Ele entra no computador, acessa e compra por ali. Eu mesmo vendo pela internet, pelo Mercado Livre. Eu tenho um domínio registrado para eventualmente construir um site, até um domínio muito legal que eu consegui registrar, e quero fazer um site muito legal. Mas o fato é que as feiras estão em decadência; a magia de a pessoa chegar ao vivo e em cores, examinar, gostar e comprar uma peça é uma coisa que está se perdendo. E apesar de saber disso eu não conseguiria mais sair de lá.

É muito gostoso você chegar todo dia de manhã, montar sua barraca, conversar com aqueles clientes antigos. Você conta a história daquela peça que você está vendendo para um particular; ele escuta atentamente, às vezes até te revela alguma coisa daquela peça que você não conhecia; então você aprende, você absorve a informação. É muito legal. Acho que é uma coisa que entra no sangue e não sai mais, vira vício.

A minha casa, por exemplo, eu construí com material de demolição. Demoliram três casas e eu comprei 37 mil tijolos antigos, que usei na obra. Os tijolos da minha casa vieram de uma casa de 1913. Todo vigamento era de uma fábrica que dava na Avenida Tiradentes, quase em frente à Pinacoteca; uma fábrica de 1905. Eu tenho um vitral que era de uma mansão que ficava na Alameda Ministro Rocha Azevedo, da década de 40. Tudo coisa que eu bati o olho, vi, gostei e falei: ‘Vou preservar isso.’”

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